– A gestão da política monetária dever ser complementada por acções no sector real da economia para um melhor controlo da inflação, defende Tomás Matola, Presidente da Comissão Executiva do BNI, no programa Semanário Económico.
A estabilidade de preços é uma condição sine qua non para o desenvolvimento de qualquer economia. Uma inflação taxa baixa permite juros baixos, o que incentiva o investimento, devido ao reduzido custo de financiamento, impulsionando o crescimento e o emprego, além de efeitos positivos sobre outras variáveis que representam a estabilidade macroeconómica como elemento importante para a confiança dos investidores.
No caso de Moçambique, apesar da tendência de estabilização nos últimos anos, a inflação, assim como boa parte dos outros indicadores, é consideravelmente volátil, apresentando variações de grande amplitude em curtos períodos de tempo.
Em virtude do elevado nível de dependência externa, a principal fonte da composição da inflação no país é a inflação importada, “por causa da característica da nossa economia que é fundamentalmente importadora”. Tomás Matola, vê a vulnerabilidade do país aos choques externos como limitante da eficácia da política monetária na estabilização de preços, na medida em que os agentes económicos que influenciam a inflação encontram-se fora do alcance das medidas de política económica. “É preciso que as políticas económicas alcancem seus destinatários”, frisa Tomás Matola.
É sob este espectro que o PCE do BNI entende e defende que as acções no sector real da economia, mormente a diversificação da economia e a substituição das importações, desempenham um papel fundamental na estabilização dos preços na economia. “Ainda que o Banco Central faça intervenções para ir controlando a inflação a curto prazo e evitar que ela flutue bastante, paralelamente, do lado do sector real, tem que haver acções que garantam que à médio e longo prazo nós tenhamos inflação controlada e baixa”, referiu.
Explica Tomás Matola que, com a diversificação da economia e substituição das importações, o país estará em condições de controlar a inflação sem necessariamente estar sempre a usar a política monetária. “Num contexto em que nós conseguimos estabelecer oferta de produtos locais a fazerem face a demanda local, então estaremos em condições de as nossas políticas económicas afectarem todos os agentes económicos que intervêm nos processos produtivos que afectam a inflação”, ajustou.
Fonte: Semanário Económico